domingo, 12 de junho de 2011

458- Crônicas do Bala - A Junta de bois

Fantástico. Meu primo, Augusto Vieira Neto, o Bala, me autorizou postar uma crônica sua aos domingos no blog. Ê sô, este blog ta cada dia mió.
Segue a Crônica A Junta de bois.
Grande abraço meu primamigo.
Com a palavra o Bala:

Essa estória quem me passou foi o Jackson Athayde, odontólogo em Montes Claros, filho do saudoso Wilson, companheiro de Nonô, meu pai, em muitas noitadas.




Zeferino, sitiante na beira do Rio Verde, tinha o maior ciúme de sua junta de bois. O compadre Juquita precisava arar uma terra e a pediu emprestada. Depois de muito relutar, Zeferino atende o amigo, mas recomenda:

— Óia, cumpade, cê tem o maió cuidado pruquê ês tão cumigo desde bizirrim e eu nunca imprestei pra alguém.

– Podexá, cumpade, vou tratá seus boi mió do qui trato muié e fio.

Começa o serviço. Arava à beira de uma grota, quando um dos bois escorrega, cai e quebra uma perna. Teve de executá-lo.

Como dizer o acontecido ao compadre?

Três dias depois, chega, macambúzio, ao sítio de Zeferino.

— Dia, cumpade.

— Dia.

— Óia, cumpade, nunca vi junta tão boa. Cê imagina qui gostei tanto deles qui vim propô comprá os boi pelo preço qui ocê pidi.

— Num tem preço. Nem todo ouro do mundo tira aquês boi di mim.

— Mas, cumpade, ocê num vai levá ês quando morrê.

— Se pudesse, levava.

— Põe preço, cumpade, eu pago.

— Já disse, num tem preço.

— Tá bão, vou falá logo a verdade. Nóis é muito amigo e eu tô triste. Um dês morreu onte. Iscorregô no grotão, quebrou uma perna e tive qui matá.

— Bão, cumpade, nesse causo os boi já têm preço...

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