domingo, 7 de agosto de 2011

618- Crônicas do Bala (Augusto Vieira) - BALA 70

BALA 70



Picolino mandou-me um e-mail que disse ser a entrevista de um médio gaúcho, Dr. Paulo Ubiratan, a uma emissora de televisão. Vejam o texto:

P: Exercícios cardiovasculares prolongam a vida?
R: O seu coração foi feito para bater por uma quantidade de vezes e só. Não desperdice essas batidas em exercícios. Tudo se gasta e eventualmente. Acelerar seu coração não vai fazer você viver mais. Isso é como dizer que você pode prolongar a vida de seu carro dirigindo mais depressa. Quer viver mais? Tire uma soneca.

P: Devo cortar carne vermelha e comer mais frutas e vegetais?
R: Você precisa entender a logística da eficiência. O que a vaca come? Feno e milho. O que é isso? Vegetal. Então, um bife nada mais é do que um mecanismo eficiente de colocar vegetais no seu sistema. Precisa de grãos? Coma frango.

P: Devo reduzir o consumo de álcool?
R: De jeito nenhum. Vinho é feito de fruta. Brandy é um vinho destilado, o que significa que tiram a água da fruta pra você tirar maior proveito dela.

P: Quais as vantagens de um programa regular de exercícios?
R: Minha filosofia é: se não tem dor, tá bom!

P: Frituras são prejudiciais?
R: Hoje em dia a comida é frita em óleo vegetal. Como pode maior quantidade de óleo vegetal ser prejudicial?

P: Flexões ajudam a reduzir gordura?
R: Absolutamente, não! Exercitar um músculo faz apenas com que ele aumente seu tamanho.

P: Chocolate faz mal?
R: Tá maluco? Cacau é vegetal. É comida boa pra se ficar feliz.

“A vida não deve ser uma viagem para o túmulo, com a intenção de se chegar lá são e salvo, com um corpo atraente e bem preservado. Se caminhar fosse saudável carteiro seria imortal. Baleia nada o dia inteiro, só come peixe, só bebe água e é gorda. Coelho corre muito e pula, mas só vive 15 anos. Tartaruga não faz nada e vive 450.”

Depois de dar boas gargalhadas, pensei com meus botões: “nem tanto ao céu, nem tanto ao mar”, caro mestre. Isso porque quando fui, recentemente, renovar minha carteira de motorista, o médico-perito constatou que minha pressão estava muito alta. Com muita justiça, negou-me o laudo favorável. Recomendou-me procurar um cardiologista. Disse-me, inclusive, que, pelo exame que fizera, eu poderia estar com algo mais grave no músculo cardíaco. Foi um martírio. Meu pai falecera, há mais de trinta anos, devido a problemas cardiovasculares. Esse negócio é genético. Senti a morte pertinho de mim. Aí procurei o médico de minha associação, a AMAGIS. Fui atendido pelo cardiologista Dr. Marcelo Sady Curi. Pediu-me vários exames. Fiz todos e levei-lhe os resultados. Que alívio! Disse-me, com o maior carinho, que meu coração não tinha problemas tão graves. Apenas uma hipertrofia. Explicou-me que, pelo esforço, o músculo estava a ocupar um lugar um pouquinho maior em meu peito. Passou-me um comprimido e recomendou-me sorrindo:
– Você terá que tomar esse comprimidinho, uma vez por dia, até os 98 anos. Apareça aqui de, três em três meses, para eu dar uma olhada. Tente parar de fumar que será muito bom.
Voltei ao perito credenciado pelo DETRAN com o laudo do Dr. Marcelo. Ele leu, examinou minha pressão, já quase em 12 por 8, e autorizou a renovação de minha carteira, sem o uso de óculos, porque eu fizera cirurgia nos olhos, com meu sobrinho, Carlos Gustavo, conhecido como Dr. Vieira, e ele substituíra meus cristalinos por lentes corretoras.
Agora estou aqui, passado o drama, pronto pra outra, cheio de esperanças, tomando meu comprimidinho e medindo minha pressão diariamente, num aparelhinho alemão que comprei numa drogaria. A vida voltou a sorrir pra mim. Até já ando tomando meu uisquinho, moderadamente, de vez em quando. Renovei meu passaporte, estou de carteira de motorista nova e com muita vontade de viajar. Veremos depois o que ela e a grana reservam para mim nos próximos cinco anos, após os quais pretendo lançar o livro comemorativo, cujo título já escolhi: Bala 70.

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