CÁNTEME – Silvio Rodriguez
(trad. Virgílio de Mattos)
Cante-me
Cante-me, quem tenha o verso
Mas não com os cristais primorosos
Que o tempo já não é assunto de alvoroços
Senão prova mais áspera do que suave.
Cante-me quem tenha tanto
mas não para estragar-me
os sentidos
como eu que me sinto como seu amigo
eu que como sou, também sou canto.
Cante-me, sim, para ouvi-lo
como aquela canção, a que eu fizera
mas cante-me para aplaudi-lo
pelo que soube ontem, ontem, hoje e depois.
Cante-me para salvá-lo
entre as coisas que me identificam
mas cante-me para premiá-lo
Pelo melhor fazer, no amanhecer.
Cante-me quem tenha bolso
Onde não exista lugar para o medo em vão
Cante-me, ainda que não seja de todo são
mas sim canção no final e não um roubo.
Cante-me que aqui existem pulmões
repletos de conquistas no passado
cante-me sem pudor nem cuidado
cante-me no final se tem razão.
Cante-me, para salvá-lo
entre as coisas que me identificam
mas cante-me para premiá-lo
pelo melhor fazer no amanhecer
Excelente leitura para começar o dia.
ResponderExcluir